"Divórcio instantâneo" entra em vigor; arcebispo faz críticas

Da Redação CN, com agências

O Congresso Nacional promulgou nesta terça-feira, 13, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que agiliza o processo de divórcio consensual.

Pelo texto, casais que querem se divorciar estarão liberados do cumprimento prévio da separação judicial por mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois anos, como previa a Constituição.

A PEC deve ser publicada nesta quarta-feira no Diário do Congresso Nacional, quando passa a ter validade.

De acordo com o arcebispo da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto, em um artigo publicado em janeiro deste ano, um mês após a aprovação da PEC do divórcio no Senado, "a medida banaliza a união conjugal, facilitando de imediato a sua dissolução. A instituição familiar, já combalida, fragiliza-se ainda mais".

"A PEC suprime o presente artigo e outros parágrafos que eventualmente ofereçam proteção à Família desde a sua fundação até a sua dissolução", enfatiza Dom Aldo e justifica que, "tempestivamente, um cônjuge poderá pedir separação imediata. Se o legislador anuir, despacha-se o pedido numa meia hora".

O arcebispo diz ainda que "questões delicadas sobre a vida conjugal" deveriam ser melhor analisadas. "Separação é profundamente traumatizante. Caso inevitável, antes de consumada, o casal deve ser acompanhado. Isso comporta um processo de discernimento consciente, maduro, responsável", explica.

"A vida familiar se desfaz, de fato, por medidas como estas, destruindo seus valores perenes. A instituição familiar é substituída pelos relacionamentos fortuitos, feitos para não durar. Pessoas são usadas e substituídas como peças descartáveis. Como ficam os filhos? Será que não se sentirão inseguros, obrigados a se virar por aí? Pensão alimentícia ou visitinhas de faz de conta substituem a presença e o calor humano de um pai? Muitos filhos crescem problemáticos. A origem reside na ausência da Família. Pergunte se isso é ou não verdade a um formador numa boa escola. Pergunte o mesmo a um traficante", reflete Dom Aldo.

No artigo, o arcebispo destaca ainda que com essa aprovação os "direitos individualistas se sobrepõem aos direitos e ao bem da vida familiar, ao bem público. O Estado vai deixando de oferecer proteção à vida e à família"

E conclui, afirmando que "casamento, anteriormente garantido por contrato e compromisso vital em relação ao cônjuge e aos filhos, dilui-se em direitos individualistas. Casamento importa em contrato, em obrigações legais. Não é opção por tempo indeterminado! Casamento não é loteria, diversão das quais, depois que me enjoo, chuto o pau da barraca".

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Comentários

Márcia disse…
Acredito que o casamento, antes de mais nada, deve ser analisado novamente pela igreja. O casamento não é conto de fadas e nem as pessoas envolvidas, na maioria das vezes, sao conscientes e conseguem respeitar o outro. Quando ha decisão da separação, o tauma se dá quando esse processo demora.. os filhos sofrem muito mais em ver a agressão dos pais um com o outro, em ser usado como "joguete" pelos dois do que se eles se separassem e adotassem uma nova vida.. a Igreja fecha os olhos para os defeitos humanos, fecha os olhos para as dificuldades, fecha os olhos para a realidade.. o ideal não é o real.. Sou filha - adulta - de pais católicos, e vi a igreja - muitos padres, em todas as paróquias que ja frequentamos - com esses conselhos do arcebispo, que o casamento deve ser "acompanhado" que o trauma é em se separar... e agora, 30 anos em que esse processo se arrasta, e hoje, adultos, nós, os filhos, estamos ajudando a nossa mae a ignorar os conselhos da igreja e se separar de um homem que nunca a respeitou e nem respeitou a nós.. + que esta sempre na igreja, frequentando ativamente e muito bem quisto por todos.. o trauma é todo nosso, que carregamos o fardo desse casamento nas costas, o fardo da pregação da igreja do "casamento para a vida toda" o fardo " o que Deus uniu o homem nao separa". Esse fardo destruiu nossa esperança convivendo com um casamento falido por anos e anos.. O respeito é o importante, e pregar que um casal precisa ficar junto mesmo quando vê que nao da certo nao é respeito.. nem com os pais, nem com os filhos.. E não sou um caso isolado.. amigos passam pela mesma situação.. um desses meus amigos, o pai dele esta envolvido com a ministra da eucaristia da igreja que frequentam... e o padre da paróquia, depois de avisado, ainda assim esta tentando resolver essa situação sem que haja o divorcio, sem que a ministra seja afastada.. por que a Igreja nao proteje as pessoas??? por que, para a Igreja, os "principios" religiosos sao mais importantes que "as pessoas"?? esconder, abafar, fazer de conta que nao aconteceu.. a Igreja precisa ser revista... por que homens nao sao bonecos e os problemas sao reais e precisam ser encarados de frente... a Igreja tem que parar de esconder a sujeira em baixo do tapete.. para diminuir o sofrimento das pessoas, que deveriam ser o mais importante.. se voce ama o seu próximo como a ti mesmo, você o liberta.. nao o prende por que um dia tiveram a infeliz ideia de casar..
Daniel Radd disse…
Márcia, sinto dizer, mas o casamento foi feito pra durar a vida toda sim. Como você disse " o que Deus uniu o homem não separa".
Sinto dizer que para se casar é de extrema importância que o casal conviva e se conheça para depois tomar uma decisão mais importante. Como dito no post, querem agilizar o processo de divorcio. A preocupação da igreja não é fazer com que as pessoas sofram mais e fiquem só preocupadas com dogmas. A preocupação é que o Sacramento do Matrimônio seja usado como se fosse um simples ficar ou namorar, mas sim pra vida toda. A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si é uma comunhão da vida toda. Não se pode começar algo já pensando no possível fracasso.
A tarefa do padre é tentar resgatar o amor que existia antes do casamento e não querer estender o sofrimento por causa de uma lei eclesial.
Insisto nessa forma de pensar já que muitos outros casamentos já foram salvos quando se tenta reconciliação e tratamento. Até mesmo uma terapia de casal. O problema tem que ser levantado e ser colocado a mostra. Não é da forma como você infelizmente mencionou de colocar a sujeira de baixo do tapete.
O divórcio na Igreja Católica existe apesar de muitas pessoas não terem conhecimento disso. O caso é analisado pelo bispo e levado ao alto clero para que seja analisado.
Recomendo o filme Prova de Fogo. O tema pode até ser diferente do caso de seus pais e de seus amigos, mas o filme mostra que dependendo da situação o casamento pode ser salvo.
http://www.provadefogoofilme.com.br/
Daniel Radd disse…
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