Eutanásia: termo "desaparece" para tornar prática aceitável

Leonardo Meira
Da Redação CN

 "Dos debates suscitados também por casos recentes em respeito à bioética do final da vida parecem emergir claramente dois dados: a grande confusão sobre a definição de doente 'terminal' e o progressivo desaparecimento do uso do termo 'eutanásia'", adverte o médico italiano Ferdinando Cancelli.

A indicação aparece em um artigo intitulado Eutanásia: as questões em jogo, publicado no jornal oficial do Vaticano L'Osservatore Romano nesta segunda-feira, 12.

Acesse.: Eutanásia: as questões em jogo

Cancelli explica que "os defensores da possibilidade de acelerar a morte de pacientes dependentes de meios de suporte à vida tendem a não falar mais de eutanásia: também na campanha a favor do assim chamado testamento biológico o termo é cuidadosamente evitado, em favor de um muito mais aceitável: 'evitar o prolongamento terapêutico'".

A Câmara Técnica sobre a Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos, do Conselho Federal de Medicina (CFM), promove um fórum entre 26 e 27 de agosto, em São Paulo (SP), para discutir a criação do testamento vital (ou biológico) - documento, com valor jurídico, em que a pessoa manifesta antecipadamente qual sua vontade a respeito das atenções médicas que deve vir a receber (ou não).

O médico italiano ressalta que, mesmo quando a escolha parta do próprio paciente, a essência da questão não muda. Por isso, o termo a ser mais coerentemente usado é o de eutanásia: "mesmo que tal palavra venha a incutir mais temor em quem a escute, talvez o seu uso, definindo mais honestamente a questão, induziria a uma reflexão mais profunda sobre as questões em jogo".

O artigo também lembra que a medicina paliativa "define um paciente na fase do final da vida quando a sua sobrevivência presumida pode ser considerada igual ou inferior a quatro meses, e isso também quando estão à disposição os meios de sustento vital, como hidratação, nutrição ou ventilação".

Nesse sentido, também é preciso que haja alguma mudança na condição do paciente, devido a complicações infecciosas ou quando alguém interrompe o fornecimento de nutrientes e hidratação.

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