Nicole Melhado
Da Redação CN
Arquivo Pessoal
Padre Wellington em meio ao povo nuer
Eles não têm uma catedral, uma paróquia, apenas uma Bíblia. Rezam o terço e pedem a Deus que envie missionários. Esse é o povo Nuer, uma das 200 tribos presentes no Sudão do Sul, na África.
Padre Wellington Alves foi ordenado em 2002 com o desejo de "abraçar aqueles que não tinham quem os abraçasse". E foi esse desejo missionário que o levou, pouco tempo depois de sua ordenação, ao Sudão do Sul, onde ficou por nove anos.
"Eu não procurei estudar, nem saber nada sobre o Sudão, porque eu queria chegar lá sem preconceitos. Eu sabia que tinha a guerra, sabia que era terrível, mas não sabemos quão terrível é, até viver na guerra”, conta padre Wellington.
O sacerdote conta que o primeiro impacto para ele foi sair da capital paulista, um dos maiores centros urbanos do mundo, e se deparar com uma realidade rural, na África, sem eletricidade e sem conforto.
Padre Wellington foi o quarto sacerdote a visitar o local, desde que a tribo se tornou cristã. Sua raiz está na religião abraâmica, monoteísta. O cristianismo foi passado na tradição oral: um catequista ensinava a outro e assim por diante. Em 1996, dois desses catequistas conseguiram uma carona no helicóptero da Unicef até o Quênia (outro país africano). Eles foram então até a casa dos missionários combonianos e pediram que um padre e uma religiosa voltassem com eles. Cerca de 40 mil pessoas da tribo Nuer estavam esperando por eles e fizeram uma grande festa, pois rezavam, todos os dias, pedindo a Deus que enviasse missionários.
“Eles não tinham a Eucaristia, porque não tinham um padre. Mas eles eram bem organizados, tinham catequistas, mulheres na legião de Maria, grupos de jovens, de adolescentes. Eles eram cristãos, mas não tinham formação cristã. Era isso que eles queriam de nós", destaca padre Wellington.
O povo Nuer queria conhecer a Bíblia, entendê-la, saber mais sobre o catecismo, sobre a história da Igreja e como ser um cristão melhor. O trabalho realizado pelos missionários cambonianos era basicamente de formação espiritual e didática.
A cultura africana e o Evangelho
O presbítero ressalva que o Evangelho não veio para negar a cultura desse povo africano, mas para aperfeiçoar. Toda cultura tem aspectos positivos e negativos e o Evangelho vem para purificar a cultura. Mas essas mudanças não são impostas, mas sim dialogadas.
Na cultura deles, por exemplo, ao receberem uma visita, o mais velho da tribo lava-lhes os pés, matam um cabrito, oferecem-lhe comida e uma cama para repousar. Padre Wellington reforça que isso é lindo e deve ser ressaltado.
“Na comunidade deles ninguém pode passar fome. As crianças e os anciãos são respeitados. Contudo, na cultura deles também existe a poligamia e a violência contra a mulher e isso tem que mudar", salienta.
Presença de Deus
O sacerdote lembra que as pessoas diziam: "'Nós gostamos de vocês porque vocês caminham conosco, tentam falar nossa língua, comem o que nós comemos...' Eles respeitavam muito os missionários e nos admiravam".
Certa vez, ao fugir da guerra, padre Wellington viu uma menina que dançava, pulava e cantava. Ele se aproximou e pediu que a menina parasse, pois todos estavam tristes. Ficou surpreso com a resposta que ela deu: "Padre, faço isso porque o senhor está conosco".
"Eles diziam que nos tempos de guerra, sempre que estavam com missionários, nada aconteceu, não sofreram ataques, não morreram. Então que a gente era a presença de Deus realmente", recorda o padre.
O missionário lembra ainda que eles falavam: "se você deixou seu país com tanta coisa, comida, carro, e está aqui conosco onde não tem nada, isso nos ajuda a acreditar mais ainda que Deus está conosco e nos ama".
A África precisa de missionários
Muitas pessoas dizem que um dia irão para África, mas o momento é agora. O missionário ressalta que a Igreja é o mundo, ao se deparar com diferentes realidades, a nacionalidade já não é mais tão importante. Padre Wellington conta que se sentiu parte daquele povo, tendo -os como amigos e irmãos com quem apreendeu muito e pode ensinar um pouco.
“Deus quer que todos sejam felizes no mundo. Enquanto tiver uma criança morrendo de fome, gente sofrendo, a humanidade não será feliz. Porque a nossa felicidade está ligada a de outros. No mundo há recursos suficientes para todos, basta partilhar, acreditar mais e ser menos egoísta”, salienta.
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Padre Wellington Alves foi ordenado em 2002 com o desejo de "abraçar aqueles que não tinham quem os abraçasse". E foi esse desejo missionário que o levou, pouco tempo depois de sua ordenação, ao Sudão do Sul, onde ficou por nove anos.
"Eu não procurei estudar, nem saber nada sobre o Sudão, porque eu queria chegar lá sem preconceitos. Eu sabia que tinha a guerra, sabia que era terrível, mas não sabemos quão terrível é, até viver na guerra”, conta padre Wellington.
O sacerdote conta que o primeiro impacto para ele foi sair da capital paulista, um dos maiores centros urbanos do mundo, e se deparar com uma realidade rural, na África, sem eletricidade e sem conforto.
Padre Wellington foi o quarto sacerdote a visitar o local, desde que a tribo se tornou cristã. Sua raiz está na religião abraâmica, monoteísta. O cristianismo foi passado na tradição oral: um catequista ensinava a outro e assim por diante. Em 1996, dois desses catequistas conseguiram uma carona no helicóptero da Unicef até o Quênia (outro país africano). Eles foram então até a casa dos missionários combonianos e pediram que um padre e uma religiosa voltassem com eles. Cerca de 40 mil pessoas da tribo Nuer estavam esperando por eles e fizeram uma grande festa, pois rezavam, todos os dias, pedindo a Deus que enviasse missionários.
“Eles não tinham a Eucaristia, porque não tinham um padre. Mas eles eram bem organizados, tinham catequistas, mulheres na legião de Maria, grupos de jovens, de adolescentes. Eles eram cristãos, mas não tinham formação cristã. Era isso que eles queriam de nós", destaca padre Wellington.
O povo Nuer queria conhecer a Bíblia, entendê-la, saber mais sobre o catecismo, sobre a história da Igreja e como ser um cristão melhor. O trabalho realizado pelos missionários cambonianos era basicamente de formação espiritual e didática.
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O presbítero ressalva que o Evangelho não veio para negar a cultura desse povo africano, mas para aperfeiçoar. Toda cultura tem aspectos positivos e negativos e o Evangelho vem para purificar a cultura. Mas essas mudanças não são impostas, mas sim dialogadas.
Na cultura deles, por exemplo, ao receberem uma visita, o mais velho da tribo lava-lhes os pés, matam um cabrito, oferecem-lhe comida e uma cama para repousar. Padre Wellington reforça que isso é lindo e deve ser ressaltado.
“Na comunidade deles ninguém pode passar fome. As crianças e os anciãos são respeitados. Contudo, na cultura deles também existe a poligamia e a violência contra a mulher e isso tem que mudar", salienta.
Arquivo Pessoal
O povo Nuer é uma das maiores tribos do Sudão
Presença de Deus
O sacerdote lembra que as pessoas diziam: "'Nós gostamos de vocês porque vocês caminham conosco, tentam falar nossa língua, comem o que nós comemos...' Eles respeitavam muito os missionários e nos admiravam".
Certa vez, ao fugir da guerra, padre Wellington viu uma menina que dançava, pulava e cantava. Ele se aproximou e pediu que a menina parasse, pois todos estavam tristes. Ficou surpreso com a resposta que ela deu: "Padre, faço isso porque o senhor está conosco".
"Eles diziam que nos tempos de guerra, sempre que estavam com missionários, nada aconteceu, não sofreram ataques, não morreram. Então que a gente era a presença de Deus realmente", recorda o padre.
O missionário lembra ainda que eles falavam: "se você deixou seu país com tanta coisa, comida, carro, e está aqui conosco onde não tem nada, isso nos ajuda a acreditar mais ainda que Deus está conosco e nos ama".
A África precisa de missionários
Muitas pessoas dizem que um dia irão para África, mas o momento é agora. O missionário ressalta que a Igreja é o mundo, ao se deparar com diferentes realidades, a nacionalidade já não é mais tão importante. Padre Wellington conta que se sentiu parte daquele povo, tendo -os como amigos e irmãos com quem apreendeu muito e pode ensinar um pouco.
“Deus quer que todos sejam felizes no mundo. Enquanto tiver uma criança morrendo de fome, gente sofrendo, a humanidade não será feliz. Porque a nossa felicidade está ligada a de outros. No mundo há recursos suficientes para todos, basta partilhar, acreditar mais e ser menos egoísta”, salienta.
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