Via Canção Nova
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=290558
Dom Antônio Augusto Dias Duarte
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Dom Antônio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Arquivo
Dom Antônio Augusto é membro da Comissão para Vida e Família da CNBB
No início de um novo ano, 2014, surgem no horizonte dos seguintes meses as mais distintas opções de vida, umas de natureza política, – as eleições de outubro –, outras, esportivas, – a Copa do Mundo de Futebol em junho/julho –, até mesmo há opções de caráter eclesial, – a Campanha da Fraternidade da CNBB sobre o tráfico humano –, e tantas outras que irão surgindo ao longo do ano.
Opções de escolha é que não irão faltar para essa nova etapa temporal da vida, porém deve sobressair-se de todas elas uma muito mais significativa e necessária para toda a humanidade.
Refiro-me à Opção de Vida que o nosso Criador, Deus–Pai, oferece a todos os cristãos e, também – por que não? –, a todos os muçulmanos, judeus, budistas, hindus, afro-descendentes, enfim, aos homens e mulheres de boa vontade que querem defender a vida no Planeta Terra.
A Opção de Vida é a opção do zelo, da custódia, da proteção e da prevenção da Vida, que é um dom divino, e um dom destinado para o bem de toda humanidade.
As décadas passadas foram, no seu tempo, construídas por inúmeros Anos Novos e neles se destacou, infelizmente, a opção favorável à morte. Uma cultura fria, indiferente e distante do bem humanitário que deveria existir para todas as pessoas. Esta opção pela morte é cruel e recente, infelizmente muito espalhada, e marcou a passagem das décadas passadas como um tempo para matar crianças, idosos, doentes e portadores de deficiência.
Essa cultura da morte encontra adeptos em alguns planos de certos governos, em objetivos de algumas instituições internacionais e organizações não governamentais, em determinados Conselhos Internacionais de Direitos Humanos, até em projetos legislativos e mesmo no pensamento de alguns magistrados de Tribunais de Justiça de vários países latino-americanos.
A Opção de Vida que se pode assumir em 2014 não se resume apenas ao combate à cultura da morte. É uma opção construtiva, e não só contra o aborto e a eutanásia, crimes injustificados e condenados pela grande maioria do povo brasileiro. Compreende sim impedir esses crimes contra a vida, mas acima de tudo a Opção de Vida é pela vida em plenitude, como nos anunciou Jesus.
O próximo santo da Igreja Católica, o Papa João Paulo II, não se limitou ao longo do seu Magistério petrino só em combater a cultura da morte, mas exortou toda humanidade a criar uma mobilização geral das consciências e a fazer um esforço ético para se realizar uma grande estratégia em favor da vida.
“Todos juntos devemos construir uma nova cultura da vida (...). A urgência dessa viragem cultural está ligada à situação histórica que estamos atravessando, mas radica-se, sobretudo, na própria missão evangelizadora confiada à Igreja” (cf. Enc. Evangelho da vida, n. 95).
Essa exortação vai comemorar 20 anos de publicação em 2015, e por isso mesmo 2014 deveria ser um ano de intensa mudança cultural. Nesse sentido, pode-se facilitar essa opção pela vida concretizando umas linhas de opções bem práticas:
Buscar a solução para a dissociação entre a fé cristã e as suas exigências éticas a respeito da vida é uma opção de vida. Como se pode verificar, os cristãos correm o risco de serem deformados pelo subjetivismo ético e por certos comportamentos inaceitáveis na sociedade atual com relação ao valor da vida humana e da vida do Planeta Terra.
Por isso mesmo é urgente clarificar muito a consciência dos homens e mulheres batizadas para que saibam quais os passos que precisam dar para servirem à Vida. Nas famílias, nas Igrejas, nas escolas, nas Universidades, esse serviço seria muito eficiente desde que haja maior divulgação do pensamento da Igreja Católica, assim como das pesquisas médicas, sociológicas, econômicas, que destacam o valor enorme da vida para o crescimento sadio das futuras gerações.
Tanto nos documentos da Igreja quanto nas sérias publicações científicas se considera a vida humana e a vida do planeta como os maiores benefícios humanitários para os países que querem ter um desenvolvimento sustentável.
O combate à fome, à violência, às drogas, ao aborto, à eutanásia, não se faz unicamente por motivos religiosos. Preservar a vida é proteger a civilização atual e posterior!
Principalmente, cabe aos cristãos no atual momento histórico apresentar suas famílias como verdadeiros santuários da vida, lugar onde ela não só é convenientemente acolhida e protegida, mas como um âmbito de construção de uma cultura da vida.
Essa cultura brotará naturalmente dos lares cristãos quando cada casal de esposos e pais, cada filho e irmão, demonstrarem com suas atitudes e palavras que a vida humana é um dom recebido a fim de, por sua vez, ser dado, ser compartilhado com outras vidas.
O dom sincero da própria vida é a condição indispensável para que a opção de vida seja de todos e não só de algumas pessoas que se engajam em movimentos a favor da vida.
Dar-se é de tamanha eficácia e gera tão grande alegria de viver, que é impossível alguém pensar que a sua vida, ou de um bebê gerado no seio maternal, ou de uma pessoa portadora de deficiência, não tem um valor inestimável para o mundo.
Ninguém pode começar o Novo Ano de 2014 sem optar, de forma consciente, livre e responsável, em favor da vida possuída e doada por amor e com muito amor à atual e futuras gerações da humanidade.
Dom Antônio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Dom Antônio Augusto Dias Duarte é bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro. Formado em medicina e especializado em Pediatria, Dom Antônio é membro da Comissão Episcopal para a Vida e Família da CNBB. Nonoticias.cancaonova.com, o bispo escreve uma coluna mensal sobre defesa da vida.
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